Arthur Rivin conta que começou, aos 76 anos, a esquecer detalhes que antes lhe eram muito familiares e simples de lembrar. Datas de palestras e nomes de oradores, que antes eram de simples memorização, passaram a pequenas lembranças para o médico. No entanto, na época Rivin não se preocupou muito com o fato, pensando ser típico da sua idade mais avançada.
"O golpe final foi há um ano, quando estava recebendo uma menção honrosa no hospital onde trabalhava. Levantei-me para agradecer e não consegui dizer uma palavra sequer."
Orientado por sua esposa, Rivin resolveu procurar um médico e realizou exames de alta precisão, como o PET, para detectar a DA e foi constatado o resultado positivo para a doença. Passou então a tomar remédios (Aricept e Namenda) que trouxeram efeitos colaterais como diarréia e anorexia, mas, felizmente, as drogas surtiram efeito e hoje ele está melhor.
"A partir da minha melhora, passei a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas de memória: tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde.
Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa o repita e então escreva. Leia livros. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.
Pratique jardinagem. Faça quebra-cabeças e jogos. Experimente coisas novas. Organize o seu dia. Adote uma dieta saudável, que inclua peixe duas vezes por semana, frutas e legumes e vegetais, ácidos graxos ômega 3.
Não se afaste dos amigos e da sua família. É um conselho que aprendi a duras penas. Temendo que as pessoas se apiedassem de mim, procurei manter a minha doença em segredo e isso significou me afastar das pessoas que eu amava. Mas agora me sinto gratificado ao ver como as pessoas são tolerantes e como desejam ajudar.
Sei que, como qualquer outro ser humano, um dia vou morrer. Assim, certifiquei-me dos documentos que necessitava examinar e assinar enquanto ainda sou capaz e desperto, coisas como deixar recomendações por escrito ou uma ordem para desligar os aparelhos quando não houver chance de recuperação. Procurei assegurar que aqueles que amo saibam dos meus desejos. Quando não souber mais quem sou, não reconhecer mais as pessoas ou estiver incapacitado, sem nenhuma chance de melhora, quero apenas consolo e cuidados paliativos."
Arthur Rivin foi clínico-geral e é professor emérito da Universidade da Califórnia.
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