terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cuidados para a Doença de Alzheimer em sua fase leve- parte I


Com as melhores condições de vida e os progressos da medicina, as pessoas estão vivendo mais. Se por um lado isso é bom, porque significa aproveitar a vida por mais tempo, significa também que mais pessoas estão sujeitas a doenças associadas ao envelhecimento. Alterações em todos os sistemas do organismo são esperadas com o avançar da idade: a pele fica mais fina e seca, os ossos mais frágeis, os olhos têm dificuldade em adaptar-se para curta distancia. É claro que essas alterações podem variar de pessoa para pessoa, estando quase ausentes em algumas e muito marcadas em outras. Com o cérebro não é diferente: o envelhecimento acarreta alterações anatômicas e funcionais. Assim, Poe exame de tomografia (TC) ou ressonância magnética (RM) é possível verificar que há uma redução do volume, o cérebro fica menor. Em paralelo, ocorrem também alterações no modo como o cérebro funciona, especialmente em relação à memória. O processo de memorização pode ser mais difícil para uma pessoa idosa porque a velocidade de processamento diminui, é mais difícil inibir estímulos conflitantes e a estratégia de organização da informação é menos eficiente.

É DEMENCIA OU DOENÇA DE ALZHEIMER?

‘’Demência’’ é um termo usado para descrever pessoas com progressiva alteração da memória, geralmente memória para fatos recentes que, alem disso, tem dificuldade em outras áreas, como a capacidade de planejamento e linguagem. Demência é então uma síndrome cujos sintomas podem ter diferentes causas. A causa mais comum de demência é a DA, mas a causa pode ser outra como conseqüência de isquemia cerebral repetida, causando pequenas lesões que vão se somando (demência vascular).

SERÁ QUE É MESMO DOENÇA DE ALZHEIMER?

Esta é uma duvida freqüente e compreensível, quando se pensa que essa doença pode evoluir. Na situação atual, o único modo de afirmar com certeza se a pessoa possui a DA é por meio de estudo do tecido cerebral, exigindo uma biopsia cerebral, que é um exame bastante complexo. Por essa razão, o diagnóstico de DA é feito por exclusão das outras demências. Portanto, quando alguém recebe o diagnóstico de doença de Alzheimer, isto significa alguém com progressiva alteração da memória e outras funções para quem foram excluídas outras possíveis causas. Para excluí-las, outros exames podem ser necessários dependendo do tempo da doença, dos resultados da avaliação do estado mental. Nessa avaliação é necessário demonstrar que a pessoa tem falha de memória e de outras funções, como a capacidade de planejamento e linguagem. Isso é feito pela aplicação de escalas que testam a memória , atenção , linguagem, capacidade de planejamento, capacidade de realizar seqüências de movimentos e outras áreas. Assim como ocorre com os exames de laboratório, diante de alguém com alterações evidentes da memória e de outras funções, a avaliação para efeito de diagnostico pode ser desnecessária. Mas para quem está em uma fase bem inicial da doença, ou para uma pessoa com alto nível de escolaridade, mesmo uma avaliação detalhada pode trazer resultado duvidoso. É por isso que, para algumas pessoas, o diagnostico não é feito de imediato, apenas após avaliações repetidas com intervalo de alguns meses, que mostram que está acontecendo um declínio.

CONTAR OU NÃO CONTAR?

Uma vez que a família é informada do diagnostico, uma das primeiras duvidas é se a pessoa deve ser informada sobre o seu diagnostico. Este dilema faz sentido apenas se o diagnostico é feito precocemente, já que, em uma fase mais avançada, a pessoa com doença de Alzheimer não consegue apreender o significado de estar com essa doença. Hoje, a tendência da família é preferir que o diagnóstico não seja revelado, com a idéia de que tal revelação poderá destruir a esperança e a motivação da pessoa e lançá-la numa limitação ainda maior. É difícil saber qual seria a atitude preferida pela própria pessoa com a doença de Alzheimer, já que, mesmo em uma fase inicial, pode haver algum prejuízo da capacidade de compreensão e de avaliação das implicações do diagnostico. Não existe uma resposta simples à pergunta “contar ou não contar?” Razoes para contar apontadas por cuidadores são: resistência a esconder algo de seu familiar, a percepção de que acabara descobrindo de qualquer modo e a necessidade de se preparar para o futuro. Alem disso, quando a decisão é não contar, devemos pensar no desgaste de envolver toda a família em uma conspiração de segredo para manter o diagnostico oculto. Há de se considerar dois pontos: se um médico receber a pergunta direta do próprio paciente sobre a doença a resposta terá de ser sincera, ou a relação médico-paciente será abalada; quando é feito o diagnostico de DA, muito provavelmente o medico tentara tratamento com medicação especifica, e nesse caso será necessário encontrar uma boa explicação para convencer alguém que supostamente não tem nada sério a tomar medicação com possibilidade de efeitos colaterais. Finalmente, contar ou não contar não é uma decisão do tipo tudo ou nada, existem maneiras de contar. Um modo possível de descrever a doença de Alzheimer é uma atrofia de partes do cérebro maior que a esperada no envelhecimento normal, em que a tendência é que as dificuldades se tornem mais intensas.

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